segunda-feira, 7 de abril de 2025

 


em quase

todos os outonos

houve amigos que se foram

 

sem explicações e sem motivos

não deixaram rastos nas casas

nem nas portas

 

mudas as janelas

quietos os pátios e os balouços

 

alguns deixaram lugares vazios

onde nunca mais alguém

entrou

 

outros não deixaram

senão sombras

e um inverno muito mais

agreste

 

recordo-os agora

como feridas

ou nódoas negras

 

no coração