segunda-feira, 22 de julho de 2024

 

um dia perguntaram ao poeta clandestino para que servem os poemas. e ele respondeu:

 

para o mesmo que uma estrela ou o sol. as pessoas muito entendidas em literatura julgam que neles se expressam motivações e princípios. mas todos os poemas são evidência da ausência do seu criador. em cada poema o poeta salva-se de uma existência mesquinha. para que haveria de repetir-se? um poema é a ausência do poeta, tal como o mundo é a ausência de Deus.

 

e perguntaram-lhe, a terminar: e se um dia a poesia acabar?

 

já acabou. no mundo das aparências o que existe é o mundo frívolo da poesia com literatura. ainda bem que acabou.

 

mas tu não és poeta?

 

clandestino