Para ti

ajuda-me a suportar o peso destes dias em que a lama se mistura com a luz, e deixa-me ver no escuro como as laranjas crescem nas àrvores do meu coração mesmo quando o silêncio se transforma em desertos, para que todos os meus desertos sejam o caminho que te procura, e dá-me a tua mão para nela pôr a minha alma enquanto caminhamos.
desce sobre mim a tua luz, a tua àgua, a tua chuva, ajuda-me a ser o teu destino, a tua única verdade, pois tu és a minha explicação.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

sou um lugar só teu

 

e se queres eu chovo

e se queres sou a claridade

nos teus olhos

 

pois toda a minha luz vem de ti

e a ti retorna.

 

e se a vida tem muitos caminhos

e cidades

 

só tu és a minha pátria

o idioma de quando falo respiro

ou em silêncio estou.

 

busco a coincidência

 

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

veremos de que lado vem o mar

 

em que barcos pousam as gaivotas

 

pois um dia

tudo estará caído na praia

 

e numa luz que passa

segunda-feira, 13 de outubro de 2008


um poeta, ou talvez Deus, dirige-se a ti

 

 

agora já conheces a verdade

 

pois eu não sou o ar que respiras

mas o teu próprio respirar

 

e no caminho que buscas

eu sou o teu chão os teus pés

o próprio caminho sou e a tua busca

 

procuras e o que procuras sou

 

o teu corpo a tua sombra

e a tua alma sou

e a areia da praia a chuva

as tuas lágrimas sou também

 

acreditas e sou o que acreditas

 

outros viram os teus olhos

mas nenhum outro é o teu olhar

 

outros quiseram dar-te claridade

mas nenhum outro é a própria luz

 

outros quiseram dar-te água

mas apenas eu sou a sede e a água

corpo asas e voo

num só pássaro reunidos

 

com outros cantaste

mas só eu sou a tua voz

 

cantas e quando cantas é em mim

 

e não podes magoar-me

sem que te magoes também

e não podes fugir-me

sem que fujas de ti. vê se entendes:

sou a tua prisão e a tua liberdade

 

e uma pedra que ergas contra mim

é inútil: eu sou a pedra e o gesto

todo o teu corpo em plenitude

 

e não tentes combater-me

pois estou rendido no teu coração

 

em verdade te digo que vim para ficar

pois sou aquele que é em ti

sem esforço sem força sem limites

 

apenas porque sou

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


 

diz-me a verdade

que guardas quando chove

 

pois os frutos desta árvore

são para ti

 

as minhas nuvens descansam

nos teus reflexos de água

e lembram muitos gestos

 

e sementes de primavera.

 

quero morrer

num dia em que tu não estejas